quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Príncipe saudita
é acusado de matar namorado



O príncipe saudita Saud Adbulaziz "matou voluntariamente o seu assistente" em Fevereiro, num hotel de luxo em Londres, na sequência das agressões violentas consta o uso de um objeto sexual. A acusação foi conhecida, ontem, no tribunal criminal britânico (Old Bailey).

Saud Abdulaziz, de 34 anos, e o assistente Bandar Adbulaziz, de 32, passaram os últimos três anos viajando pelo mundo. No dia 29 de Dezembro do ano passado, depois de uma viagem por várias capitais europeias, os dois passaram a noite no hotel Landmark, no centro de Londres. No dia seguinte partiram para as Maldivas tendo regressado, para o mesmo hotel, apenas no dia 20 de Janeiro. Desde essa data que partilhavam o mesmo quarto e a "cama de casal". Os sinais de "agressão" visíveis na cara de Bandar eram despercebidos pelos empregados do hotel, que começaram a estranhar a relação. No entanto, a "desconfiança" não foi suficiente para impedir o homicídio. Bandar Abdulaziz foi encontrado morto no dia 15 de Fevereiro, com graves ferimentos no corpo, marcas de dentes nas bochechas e sinais de estrangulamento.

A autópsia concluiu que o assistente do príncipe teria sido agredido várias vezes antes do dia 15. Os sinais de violência física levaram a investigação policial a conclusão de que o ataque "feroz" tinha motivações homossexuais. Saud negou ser homossexual e manter qualquer relação com o criado, classificando a relação dos dois como "normal entre amigos". Ontem, no tribunal, as alegações de Saud foram contrariadas pelo procurador Jonathan Laidlaw, que disse "haver indicações claras" de que os ferimentos não foram provocados apenas por agressões físicas, mas também por "algum objeto sexual". À agência Reuters o procurador afirmou que "o criado foi vítima de murros e pancadas na cabeça e no rosto". O procurador público alegou que a vítima apresentava "hematomas profundos nas costas, uma fratura na costela e um traumatismo no estômago provocado por pontapés".

Laidlaw apresentou algumas imagens gravadas pelo circuito de vigilância interno do hotel que mostram Bandar tentando se defender das agressões de Saud no elevador. As imagens referem-se aos dias 22 de Janeiro e 5 de Fevereiro. O procurador revelou também imagens de Saud dar pontapé no assistente no exterior do restaurante onde os dois foram vistos jantando na noite do homicídio.

O príncipe inicialmente alegou em sua defesa que Bandar tinha sido assaltado em Londres três semanas antes de morrer. Quando questionado pela polícia, depois de do corpo ter sido encontrado na cama do quarto 312, onde se encontrava hospedo, Saud contou que os dois tinham bebido no bar até "altas horas da madrugada" e quando acordou, às 15h00, não conseguiu que Bandar reagisse.

O procurador concluiu que havia uma "dependência abusiva do arguido". Laidlaw disse no tribunal que Saud estaria agora preparado para negar a primeira versão da história e assumir a responsabilidade do homicídio, mas a defesa ainda não se manifestou. A negação do arguido da homossexualidade é, segundo o procurador público, a chave do homicídio. "Os motivos que levaram aos abusos são ainda mais sinistros."

Dois acompanhantes homossexuais contaram no tribunal ter sido contratados pelo príncipe em Fevereiro. No computador, Saud deixou vários vestígios de visitas a sites gay e agências de acompanhantes. Um barman também revelou ter sido seduzido pelo príncipe e o porteiro do hotel contou no tribunal que este tratava Bandar como um "criado", embora os dois parecessem "envolvidos" numa espécie de "relacionamento amoroso". Um júri vai agora decidir se o homicídio foi ou não intencional.

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