quarta-feira, 5 de maio de 2010

Grupo Arco-Íris repudia declarações de Anthony Garotinho

A postura de Anthony Garotinho em promover publicamente a discriminação e a violência contra os LGBT’s merece o ostracismo e o esquecimento público como político. Na reportagem do repórter Cássio Bruno, publicada domingo (2/5) no jornal “O Globo”, durante um evento evangélico, chamado "Caravana Palavra de Paz", organizado pela Rádio Melodia, Garotinho disse que é contra ao casamento entre homossexuais e aproveitou para atacar o governador Sergio Cabral e o deputado Fernando Gabeira, seus adversários.
"O Gabeira e o Sérgio Cabral são a favor [da união civil entre pessoas do mesmo sexo]. O governador patrocina a Parada Gay em Copacabana", disse Garotinho a cinco mil evangélicos de Belford Roxo, município da Baixada Fluminense.
Ao seu lado, o músico gospel Emanuel de Albertin enfatizou o coro e declarou que "se Deus fizesse o homem para casar com homem, não seria Adão e Eva, teria feito Adão e Ivo".

O Grupo Arco-Íris do Rio de Janeiro divulgou nota em repúdio às declarações homofóbicas do pré-candidato do PR ao governo do Rio, Anthony Garotinho, sobre os homossexuais.

"É lamentável observar que uma figura pública, que deveria estar preocupada em promover e garantir todos os direitos civis da população, independentemente da orientação sexual, identidade de gênero, cor, credo etc., instrumentaliza setores religiosos fundamentalistas para a promoção do achincalho à comunidade LGBT", afirmou Cláudio Nascimento, Superintendente de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro
Cláudio Nascimento afirma ainda que "declarações como as do ex-governador Garotinho só contribuem para a cristalização da discriminação e da violência contra uma população altamente estigmatizada e violada em seus direitos básicos".

Leia a nota do Grupo Arco-Íris na íntegra:

O Grupo condena a postura do Sr. Anthony Garotinho, ex-governador e atual pré-candidato ao governo do Estado do Rio de Janeiro, que, de forma pejorativa, fomenta o preconceito à Comunidade LGBT. O jornal O Globo (2 de maio de 2010) destaca que Garotinho tem feito ataque aos adversários usando como arma de manipulação a Parada do Orgulho LGBT-Rio, ao afirmar que o então governador, Sérgio Cabral, patrocina a Parada do Rio. E, ainda, ratifica o discurso homofóbico do músico (sic) Emanuel de Albertin ("Se Deus fizesse o homem para casar com homem, não seria Adão e Eva, teria feito Adão e Ivo"), chamado por Garotinho para compor a caravana Palavra de Paz.
Entendemos que Anthony Garotinho não respeitou a Constituição, que preza a Igualdade de Direitos de todos e todas perante a Sociedade e os princípios de um Estado Laico, desqualificando as políticas públicas do Governo do Estado aos Direitos Humanos e à População LGBT.
O papel de um governante é garantir a igualdade de Direitos de toda a população, independente de cor, classe, credo, raça, sexo, orientação sexual. E tal postura, do Sr. Anthony Garotinho, como candidato ao cargo de governante, denota um discurso fundamentalista e de segregação.
Esclarecimentos:
Primeiramente, o Grupo Arco-ìris de Cidadania LGBT¨vem a público esclarecer que tem, sim, apoio financeiro de órgãos governamentais (Município, Estado e União) para a realização da Parada do Orgulho LGBT-Rio, terceiro maior evento cultural da cidade do Rio de Janeiro que hoje ocupa o lugar de maior evento comunitário, não só da cidade do Rio como de todo o nosso Estado. Também ressaltamos que a Parada não é patrocinada pela pessoa física de Sérgio Cabral Filho, governador do Estado.
O Governo do Estado atualmente reconhece a Comunidade LGBT, que durante muitos anos foi marginalizada e privada de sua cidadania plena. Hoje, somos representados pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, dentro da Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, que atua no combate à homofobia.
O Grupo Arco-Íris, fundado em 1993, tem como missão atuar para promover a melhoria na qualidade de vida de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), além de promover os direitos humanos do público LGBT. Por isso, prestamos atendimento à comunidade LGBT e encaminhamos mensalmente vários casos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais vitimas de preconceitos, violência física, verbal a esta Superintendência.
O Grupo lamenta a postura do ex-governador Garotinho, que sintetiza em sua fala o mesmo preconceito que leva a violência e morte de centenas de homossexuais em nosso país.

Gilza Rodrigues da Silva
Presidente do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT

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