quarta-feira, 9 de junho de 2010

Discurso


Discurso de Alexandre Santos, presidente da APOGLBT, durante a entrevista coletiva da 14a. Parada do Orgulho LGBT, no dia 6 de junho de 2010, no auditório Franco Montoro, da Assembléia Legislativa.

COMO ELEITORES PODEMOS DECIDIR DESTINOS

Senhores e senhoras jornalistas,

Sexta-feira, tivemos uma notícia surpreendente. Conquistamos nossa primeira lei de nível federal: a instituição do Dia Nacional de Combate à Homofobia, 17 de maio.
A partir dessa lei, o estado brasileiro reconhece essa modalidade de discriminação como uma violência a ser combatida.
O dia 17 de março foi o dia em que deixamos, oficialmente, de ser considerados doentes mentais por amarmos nossos semelhantes. Essa foi a data escolhida para lembrarmos nossa luta. Pena que isso só foi possível por decreto do Governo Federal.
A depender da insensibilidade do Senado, continuaríamos desprovidos de qualquer proteção do estado.
Os gays e as lésbicas estão irritados com sua vulnerabilidade à discriminação.
As travestis e transexuais estão nervosas com os 198 assassinatos covardes ocorridos em 2009. A bandeira do arco-íris está pálida. E cada vez temos menos paciência com o atraso brasileiro. Um atraso que tem nome, número, partido e tempo de televisão.
É para isso que vamos à avenida este ano: denunciar de onde vem nosso sofrimento.
Onde se situa a homofobia institucional. Vamos também mostrar que podemos agir.
Afinal, como contribuintes, nada podemos fazer dessa condição. Mas como eleitores, podemos, sim, decidir destinos.
Saibam que, quando escolhemos o tema: Vote contra a homofobia!, não maginávamos o que aconteceu nos últimos dias. Milhares de pessoas passavam por nossa tenda na Feira Cultural, na última quinta, e perguntavam onde tinham que votar.
As pessoas estavam ansiosas para mostrar sua indignação contra a homofobia. Queriam ação imediata e ficavam frustradas quando dizíamos que não havia urna nenhuma, só em outubro. Portanto, os fulanos e as sicranas que não nos toleram e que acham que vamos passar mais quatro anos sem direitos, sem respeito, sendo violados em nossa cidadania, que ponham as barbas de molho.
Suas batatas estão assando. Terão de voltar para suas igrejas e pregar a intolerância e a homofobia para seus crentes. Porque não haverá lugar no Senado para esses.
Nunca mais haverá lugar na nossa democracia para esse tipo de gente.
Nós, gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, assim como todos os heterossexuais que desejam um Brasil melhor para todos, vamos eleger uma nova geração de políticos. Gente sintonizada com um país laico, de respeito a todas as religiões, a todos os corpos e a todas as mentalidades.
As próximas paradas serão uma celebração desse novo Brasil. Serão a manifestação viva, musical e física dos avanços democráticos que conquistaremos.
Quem sabe não ouviremos dizer que esse novo país, muito menos homofóbico, com políticos de uma nova estirpe, começou, hoje, na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo?

Obrigado pela atenção.

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