quinta-feira, 17 de abril de 2014

Estivador é demitido 
depois de se assumir gay

Maycon e Donizeti vivem juntos há 15 anos

O estivador e ex-boxeador profissional, Donizeti Machado Junior, 39 anos, procurou o Sindicato dos Estivadores em Santos, no litoral de São Paulo, e agora diz que vai denunciar a empresa na Justiça do Trabalho por danos morais e intolerância sexual.

Rodnei Oliveira da Silva, presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos,  diz que ficou surpreso com a atitude da empresa.  “Primeiro o sindicato ficou totalmente estarrecido com essa questão. Fomos pegos de surpresa. Vivemos no embate com essa empresa e as demais, mas nunca esperava ter uma discussão nestes termos. É um problema ainda maior uma empresa com um nome forte em toda a América Latina estar tomando uma atitude dessas”, diz.

Rodnei afirma que o Sindicato dos Estivadores já acionou o departamento jurídico e designou um advogado para tratar do caso, assim como disponibilizará atendimento psicológico para o profissional e seu companheiro. “Estamos prestando amparo com o associado que sempre teve conduta honrosa, sempre cuidou de suas obrigações e não há nada que desabone a conduta dele. Sempre foi um companheiro respeitador, então esperamos que seja feita Justiça, um reconhecimento ao direito dele que foi violado”, declara.

O desentendimento entre Donizeti e a Santos Brasil teria começado, de acordo com o estivador, no momento de assinar o plano de saúde, quando ele colocou o companheiro, Maycon Lopes Simões, como seu beneficiado. O presidente do sindicato diz que o mesmo procedimento ocorreu no momento da assinatura do plano fornecido para os sindicalizados. “Possuímos um plano de saúde junto à Santa Casa, um plano da categoria, seus familiares e seus dependentes. Tanto o sindicato quanto a Santa Casa reconheceram o Maycon como companheiro e entendem que é um direito deles”, relata.

O advogado responsável pelo caso, Renato Vieira Ventura, diz que recebeu as informações de Donizeti e já apresentou documentação preliminar. “Na próxima quarta ou quinta-feira estaremos ingressando com uma ação judicial contra a empresa para buscar os direitos dele. O que a empresa fez é algo deplorável. A Justiça vem ao longo dos anos repreendendo de maneira forte toda e qualquer atitude de uma empresa com relação ao funcionário e atitude como essa, de preconceito com relação a opção sexual dele”, afirma.


Dependendo do resultado do processo, a empresa pode ser obrigada a pagar um valor de 100 a 300 salários do funcionário como indenização a título de dano moral. “Juridicamente ele sofreu um dano moral, e esse dano moral é que vamos buscar o ressarcimento. Com relação ao preconceito, o crime em si, a gente vai pedir dentro da ação a expedição de ofício para o Ministério Público do Trabalho, para o Ministério Público Estadual e Federal para que se apure a prática do delito que a gente entende que também ocorreu”, conclui.

Fonte: G1

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