Estivador é demitido
depois de se assumir gay
Maycon e Donizeti vivem juntos há 15 anos |
O estivador e ex-boxeador profissional, Donizeti Machado
Junior, 39 anos, procurou o Sindicato dos Estivadores em Santos, no litoral de
São Paulo, e agora diz que vai denunciar a empresa na Justiça do Trabalho por
danos morais e intolerância sexual.
Rodnei Oliveira da Silva, presidente do Sindicato dos
Estivadores de Santos, diz que ficou
surpreso com a atitude da empresa. “Primeiro o sindicato ficou totalmente
estarrecido com essa questão. Fomos pegos de surpresa. Vivemos no embate com
essa empresa e as demais, mas nunca esperava ter uma discussão nestes termos. É
um problema ainda maior uma empresa com um nome forte em toda a América Latina
estar tomando uma atitude dessas”, diz.
Rodnei afirma que o Sindicato dos Estivadores já acionou
o departamento jurídico e designou um advogado para tratar do caso, assim como
disponibilizará atendimento psicológico para o profissional e seu companheiro.
“Estamos prestando amparo com o associado que sempre teve conduta honrosa,
sempre cuidou de suas obrigações e não há nada que desabone a conduta dele. Sempre
foi um companheiro respeitador, então esperamos que seja feita Justiça, um
reconhecimento ao direito dele que foi violado”, declara.
O desentendimento entre Donizeti e a Santos Brasil teria
começado, de acordo com o estivador, no momento de assinar o plano de saúde,
quando ele colocou o companheiro, Maycon Lopes Simões, como seu beneficiado. O
presidente do sindicato diz que o mesmo procedimento ocorreu no momento da
assinatura do plano fornecido para os sindicalizados. “Possuímos um plano de
saúde junto à Santa Casa, um plano da categoria, seus familiares e seus
dependentes. Tanto o sindicato quanto a Santa Casa reconheceram o Maycon como
companheiro e entendem que é um direito deles”, relata.
O advogado responsável pelo caso, Renato Vieira Ventura,
diz que recebeu as informações de Donizeti e já apresentou documentação
preliminar. “Na próxima quarta ou quinta-feira estaremos ingressando com uma
ação judicial contra a empresa para buscar os direitos dele. O que a empresa
fez é algo deplorável. A Justiça vem ao longo dos anos repreendendo de maneira
forte toda e qualquer atitude de uma empresa com relação ao funcionário e
atitude como essa, de preconceito com relação a opção sexual dele”, afirma.
Dependendo do resultado do processo, a empresa pode ser
obrigada a pagar um valor de 100 a 300 salários do funcionário como indenização
a título de dano moral. “Juridicamente ele sofreu um dano moral, e esse dano
moral é que vamos buscar o ressarcimento. Com relação ao preconceito, o crime
em si, a gente vai pedir dentro da ação a expedição de ofício para o Ministério
Público do Trabalho, para o Ministério Público Estadual e Federal para que se
apure a prática do delito que a gente entende que também ocorreu”, conclui.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário