Jean Wyllys defende a inconstitucionalidade do PDC
que
visa sustar a Resolução 1/99
do Conselho Federal
de Psicologia
Deputado Federal Jean Wyllys afirma que o PDC é insconstitucional |
O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu, durante
audiência pública na tarde de terça-feira, 27, a inconstitucionalidade do
Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 234/11, do deputado João Campos (PSDB-GO),
que suspende a resolução N° 001/99. A resolução estabelece normas de atuação
para psicólogos e psicólogas em relação à questão da orientação sexual e impede
profissionais da área de exercer qualquer ação que considere a mesma como
patologia.
Segundo o deputado, não é competência da Câmara dos
Deputados propor um PDC para sustar a resolução do CFP já que, segundo o Art.
49, inc. V da Constituição Federal, o poder legislativo não pode “sustar os
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa”. “Como o Conselho não integra o poder
executivo – nem mesmo a administração publica federal – fica claro que o PDC
não tem legitimidade para sustar a resolução do Conselho”, disse.
O PDC também fere a laicidade do Estado, continuou
Wyllys: “O principio da laicidade diz que o estado não tem paixão religiosa e
visto que o autor desse PDC é pastor evangélico e responde aos interesses de
sua igreja, assim como a dois membros dessa mesa, o estado não pode se dirigir
por paixão religiosa e aprovar esse PDC”.
Wyllys reiterou que a resolução não proíbe pessoas com
problemas psíquicos de procurar um terapeuta e sim que profissionais de
psicologia prometam reorientar sexualmente um paciente. “Se o paciente sofre de
algo chamado na psicologia de egodistonia, uma dissintonia do ego com o desejo,
o fim do sofrimento tem que vir pela egosintonia, colocar o ego em sintonia com
o desejo, e não reforçar a egodistonia por meio de terapias e proselitismos
religiosos de todo o tipo”, explica.
O deputado finalizou sua fala dizendo que o PDC, além de
inconstitucional, tem um problema ético. “É preciso que a gente se pergunte
porquê os homossexuais experimentam – numa cultura heteronormativa construída
há três mil anos – um sentimento negativo em relação a si mesmo”, questionou. “Qualquer
terapêutica tem que fazer o homossexual passar da vergonha pro orgulho e não
reforçar a vergonha mesmo com casamentos e felicidade aparentes construída e
sustentada por um discurso religioso”.
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