Conselho Federal de
Psicologia se posiciona
contrariamente às declarações
de Silas Malafaia
O Conselho Federal de
Psicologia (CFP) manifesta publicamente seu repúdio às declarações do pastor
Silas Malafaia feitas no último domingo (3/2), durante um programa de
entrevistas exibido pelo SBT. Em sua participação, o pastor evangélico agrediu
a perspectiva dos Direitos Humanos a uma cultura de paz e de uma sociedade que
contemple a diversidade e o respeito à livre orientação – objetos da atuação da
Psicologia, que se pauta na defesa da subjetividade das identidades.
As declarações de Malafaia,
que é graduado em Psicologia, afrontam a construção das lutas da categoria ao
longo dos anos pela defesa da diversidade. É lamentável que exista um
profissional que defenda uma posição de retrocesso que chega a ser quase
inquisitório, colocando como vertentes do seu pensamento a exclusão e o
preconceito na leitura dos Direitos Humanos.
Ao alegar que a
homossexualidade é uma questão de comportamento, o pastor se mostra contrário
às bandeiras levantadas pela Psicologia, especialmente no que tange a Resolução
CFP nº 001/99, estabelece normas de conduta profissional para o psicólogo na
abordagem da orientação sexual, visando garantir um posicionamento de acordo
com os preceitos éticos da profissão e a fiel observância à promoção dos
direitos humanos. Considera que a homossexualidade não constitui doença, desvio
ou perversão, posto que diferentes modos de exercício da sexualidade fazem
parte das possibilidades de existência humana.
O dispositivo busca contribuir
para o desaparecimento das discriminações em torno de práticas homoeróticas e
proíbe as psicólogas (os) de proporem qualquer tratamento ou ação a favor de
uma ‘cura’, ou seja, práticas de patologização da homossexualidade.
Infelizmente, nada disso soa em consonância com o discurso de Silas Malafaia.
Pastor foi entrevistado
durante programa
exibido pelo SBT no último domingo.
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A Resolução declara, ainda,
que é um princípio da (o) psicóloga (o) o respeito à livre orientação sexual
dos indivíduos e o apoio à elaboração de formas de enfrentamento no lidar com
as realidades sociais de maneira integrada. É dever do profissional de
Psicologia fornecer subsídios que levem à felicidade e o bem-estar das pessoas
considerando sua orientação sexual.
Esse tipo de manifestação da
homofobia na sociedade brasileira contribui para a violação dos direitos
humanos de parcela significativa da população. Vale lembrar que esses tipos de
casos resultaram, no ano de 2011, em 278 assassinatos motivados por orientação
sexual, de acordo com o Disque Direitos Humanos (Disque 100).
Dessa forma, podemos entender
que a construção sócio-histórica da figura do homossexual como anormal que
precisa ser corrigido e, por vezes, exterminado para a manutenção dos valores e
do bem estar social, ainda se faz presente em nossa sociedade. Entretanto, a
violência destinada a sujeitos que têm suas sexualidades consideradas como
‘desviantes’ não se resume a agressões e assassinatos. De fato, tais
manifestações só se tornam possíveis a partir de uma rede de discursos que os
colocam como inferiores, vítimas de sua própria existência. Esses discursos e
práticas são, então, ações de extermínios de subjetividades indesejadas.
Com base nessa realidade, é
também uma tarefa da Psicologia contribuir para o enfrentamento da homofobia e
suas repercussões sociais. A importância dessa ação é tanta, que em
novembro de 2012 o CFP assinou um termo de cooperação com a Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) para tratar do tema por
meio de Comitês de Enfrentamento à Homofobia e da Campanha Faça do Brasil um Território
Livre da Homofobia.
A atitude desrespeitosa de
Malafaia com homossexuais ressalta um tipo de comportamento preconceituoso que
não se insere, em hipótese alguma, no tipo de sociedade que a Psicologia vem
trabalhando para construir com outros atores sociais igualmente sensíveis e
defensores dos Direitos Humanos. O Brasil só será um país democrático, de fato,
se incorporar valores e práticas para uma cidadania plena, sem nenhum tipo de
discriminação. Exatamente o oposto do que prega o referido pastor.
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