Juiz reconhece direito
de mães homoafetivas
registrarem
filho
“Esse núcleo familiar não
pode sofrer limitações de sexo”,
disse o Juiz Alberto Pampado Neto
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Um menino terá no registro de nascimento o nome de duas
mães. As mulheres, que são homossexuais, vivem juntas há 10 anos e decidiram
ter um filho. Uma delas gerou a criança, em comum acordo com a companheira, por
meio de inseminação artificial (fertilização in vitro) com sêmen de um doador
anônimo. Quando a criança nasceu, o casal entrou na Justiça com uma ação
pedindo para reconhecer e declarar a mulher que não gerou o menino também como
mãe do menor.
Além desse pleito, as duas solicitaram a conversão da união
estável em casamento. O juiz Alberto Pampado Neto, da 6ª Vara Especializada de
Família e Sucessões de Cuiabá, julgou procedentes os dois pedidos formulados
pelas partes. Reconheceu o casamento e declarou que as duas são mães do garoto.
Conforme os autos, o relatório de estudo psicológico foi
incisivo ao afirmar que as requerentes formam uma família com os direitos e
deveres a ela inerente. "Diante disso, buscam através da tutela
jurisdicional o reconhecimento de um direito fundamental previsto na Carta
Magna, qual seja, o reconhecimento da existência dessa família, sendo essa a
base da sociedade, e de especial proteção pelo Estado", escreveu o
magistrado.
Na decisão, o juiz Alberto Pampado Neto ressaltou que não
há dúvidas de que as requerentes formam uma família, na qual há afetividade,
respeito e consideração mútua, sendo que resolveram, inclusive, aumentar o
núcleo familiar por meio da concepção de um filho. "Esse núcleo familiar
não pode sofrer limitações de sexo, vez que o próprio termo família não proíbe
a sua formação por casais homossexuais", afirmou o magistrado.
Recusa vedada
O juiz citou ainda a Resolução n° 175 do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), de 14 de maio de 2013, que prevê a vedação na recusa
de habilitação para o casamento de pessoas do mesmo sexo. "Diante disso,
corroborado pelo parecer do Ministério Público, há que se reconhecer a
procedência do pedido de conversão de união estável das requerentes em
casamento", determinou.
O magistrado destacou que, pelo estudo social, foi
constatado que as requerentes formam uma família e não medem esforços em
proporcionar o que estiver ao seu alcance para o bem-estar do menor. O juiz
disse ainda que a mãe não biológica exerce seu papel juntamente com a que gerou
o bebê. "Conforme exposto pelo representante do Ministério Público,
prevalece, portanto, não a opção sexual do pretendente à adoção, mas o
princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, nos termos do artigo
43 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)", acrescentou.
O menino, além de ter no registro de nascimento o nome
das duas mães, passa a ter o sobrenome de ambas. "Não há qualquer óbice ao
reconhecimento da maternidade socioafetiva, uma vez verificadas todas as
condições necessárias ao deferimento do pedido", observou o magistrado.
Fonte: TJMT
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