quinta-feira, 26 de maio de 2011

Professores repudiam suspensão
de kit anti-homofobia
e querem seu próprio material



O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) se posicionou contrário à suspensão do kit anti-homofobia do Ministério da Educação – que seria distribuído ainda neste ano para educadores e alunos a partir dos 14 anos de 6 mil escolas brasileiras. Em nota oficial, a entidade acusa o governo de ser “demagógico, pernicioso e conservador”.

O Sindicato se diz indignado com a decisão da presidente Dilma Rousseff e propõe ainda que os próprios professores tomem a iniciativa de fazer outros matérias com o mesmo objetivo. “Que comecemos nós mesmos a produzir e multiplicar materiais diversos e trazer a discussão para dentro das escolas, dos locais de trabalho, dos sindicatos, dos locais onde nossa vida realmente acontece.” Confira na íntegra:

NOTA

KIT GAY – PRESIDÊNCIA DO BRASIL – MOVIMENTO LGBTT

Nos irmanamos àquelas e aqueles que sentem-se traídos e se indignam com os últimos acontecimentos envolvendo a presidência do Brasil e a luta por justiça social.

Não nos furtamos no passado e não nos furtaremos agora de expressar o nosso mais profundo repúdio a essa linha política adotada pela presidência da república e corroborada pelos partidos e instituições que lhe dão sustentação.

Mais uma máscara caiu! Agora, apenas os hipócritas e mal intencionados não são capazes – OU TEM A CORAGEM - de admitir a verdadeira natureza desse governo: DEMAGÓGICO, PERNICIOSO E CONSERVADOR. E nesse ínterim ele se iguala às esferas estaduais e municipais. Não é possível hoje distinguir entre o que propõe a burguesia reacionária e o que propõe o governo federal.

De acordo com nossos princípios políticos, um material de combate à discriminação e ao preconceito de gênero (homofóbico, lesbofóbico, transfóbico, etc.) deveria ser elaborado a partir e com a contribuição dos professores e de toda a comunidade escolar, não a partir de um grupo seleto que “pensou para...”. Ainda assim, tendo em vista a mobilização dos conservadores e os gastos públicos envolvidos na produção e confecção do chamado “kit-gay”, julgamos oportuno que a questão fosse discutida nas escolas e que estas se apropriassem da discussão que vai muito além da mera distribuição deste kit. Isto é, este material poderia se converter em uma real iniciativa de combate à estupidez, opressão e injustiças impingidas aos/às jovens nas escolas brasileiras.

Mais uma vez fica claro que o atrelamento ao governo não é benéfico à luta e ao movimento LGBTT; que a institucionalização (burocratização) excessiva é perniciosa.

Façamos de mais este ato vergonhoso do governo federal a matéria-prima para novas iniciativas de uma militância verdadeiramente combativa e livre. Que comecemos nós mesmos a produzir e multiplicar materiais diversos e trazer a discussão para dentro das escolas, dos locais de trabalho, dos sindicatos, dos locais onde nossa vida realmente acontece. Para além dos subterrâneos onde viceja uma infinidade de igrejas que parecem mais um “mercado negro de ações”, direcionemos os nossos passos para um mundo fora das cavernas, porões, calabouços e gabinetes.

Secretaria LGBTT / APEOESP – Subsede Sul / Santo Amaro

Um comentário:

Thonny Hawany disse...

Creio que, como grande parte dos brasileiros, assisti aos vídeos disponibilizados na impressa e nada vi neles que os destoasse do real objetivo para o qual foram criados. Não queremos, Senhora Presidenta Dilma Rousseff, que ninguém ou nenhum governo faça propaganda de nossa orientação sexual e identidade de gênero. O que queremos é que esse governo que elegemos para proteger os nossos direitos cumpra com suas obrigações. Não queremos reconhecimento religioso, queremos reconhecimento político, social e jurídico. Pagamos nossos impostos assim como todos os brasileiros e brasileiras que honram seus compromissos com a pátria; quer sejam evangélicos, quer sejam católicos, quer sejam gays, quer sejam negros, brancos, mulheres, homens, jovens, idosos e outros. Só queremos direitos e com eles que nos sejam ditados os deveres.