terça-feira, 2 de outubro de 2012


Estudo é a esperança de 
vacina contra Aids


Pesquisadores, inclusive brasileiros, participaram de um estudo revolucionário que pode resultar na descoberta de uma vacina contra a Aids, uma doença que mata 2,5 milhões de pessoas ao ano. 

Há 16 anos, um homem surpreendeu os cientistas que pesquisavam Aids. Eric Fucks viveu os anos loucos quando a epidemia começou a se espalhar em Nova York, mas nunca desenvolveu a doença. Foi o primeiro identificado com uma característica genética que não impede a contaminação, mas bloqueia a reprodução do vírus no organismo. Um mistério, mas não um milagre.
 
Hoje os cientistas já sabem que uma em cada 300 pessoas tem essa característica genética que impede o desenvolvimento da Aids, a doença, em pessoas contaminadas com o vírus HIV. Mas como funciona essa proteção? Qual é o mecanismo por trás dessa característica? E como transformar isso num benefício para todos? As respostas começaram a surgir em uma pesquisa com a colaboração de brasileiros
 
A pesquisa liderada pelo americano David Watkins teve participação fundamental de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio. Eles usaram a vacina contra febre amarela, que foi desenvolvida no Brasil, como base para criar outra, contra a Aids dos macacos, provocada pelo SIV, variante do HIV, que causa a doença entre os bichos.
 
O resultado, foi publicado na edição de domingo (30) da Nature, a revista científica mais importante do mundo,  e pode mudar os rumos da busca por uma vacina contra Aids.
 
Na equipe, um jovem de 24 anos, que ainda nem terminou a faculdade. “Nossa vacina é baseada em engenharia genética. Toda essa parte da construção dos compostos fui eu que fiz”, conta Marlon Santana, bolsista da Fiocruz.
 
Oitenta macacos resus foram vacinados e depois expostos ao vírus em um laboratório em Miami. Todos desenvolveram a proteção natural. E o mistério começou a ser desvendado.
 
Eles têm células assassinas contra o vírus. Eles estão destruindo a fabrica do vírus dentro dos macacos”, explica Watkins. 
 
A vacina estimulou a produção de células T, as células assassinas, porque elas identificam o glóbulo branco contaminado, colam nele e despejam uma substância que provoca a morte do glóbulo branco antes que o vírus comece a se reproduzir. É a capacidade de produzir essas células T que evita a infecção.
 
O que precisamos agora é entender porque essas células T em particular são tão eficientes em controlar o vírus. Se entendermos isso, aplicaremos os mesmo princípios na vacinação para humanos”, diz o cientista.
 
Nós não estamos resolvendo o problema, mas nós estamos ajudando a nortear por onde o desenvolvimento de uma vacina da AIDS tem que seguir”, acredita.
 
E se esse caminho levar à vacina, o Brasil estará numa posição privilegiada. Como o maior produtor mundial de vacina de febre amarela, poderá ter também a dianteira na produção de uma vacina contra a Aids. 

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