terça-feira, 17 de setembro de 2013

ABGLT divulga Carta Aberta 
à população brasileira 
sobre prisão de duas 
jovens lésbicas


O deputado Marco Feliciano (PSC-SP) mais uma vez se aproveita de sua imunidade como parlamentar para intimidar e agredir as pessoas homossexuais. Desta vez as vítimas foi um casal de mulheres lésbicas, que foram presas e agredidas a mando do deputado homofóbico, simplesmente porque estavam se beijando. A arbitrariedade do parlamentar não condiz com o sistema democrático, tolerante e plural do Brasil, é necessário que as autoridades constituídas para defender o povo brasileiro assumam a defesa do segmento LGBT para que o sentimento de ódio não se fertilize em nosso país contra uma parcela de cidadãos brasileiros.

A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) denuncia por meio de uma “Carta Aberta à População”, o caso ocorrido em São Sebastião, estado de São Paulo, em que o Deputado Marco Feliciano ordenou a prisão de duas estudantes após elas terem se beijado durante culto evangélico ministrado pelo parlamentar na avenida da praia de São Sebastião, no litoral paulista. 

Marco Feliciano preside
a Comissão de Direitos Humanos
e Minorias da Câmara
"Essas duas precisam sair daqui algemadas", ordenou o parlamentar, sob aplausos dos evangélicos, que assistiram à cena difamatória por meio de dois telões instalados no local. 

Na carta a ABGLT denuncia a naturalização destas práticas de violência e coerção, que atentam contra a liberdade e dignidade da pessoa humana no seu direito de expressar de maneira livre a sua diversidade sexual e de gênero. 

Diz ainda a nota, “quando estas lésbicas são expostas da maneira como foram as imagens expostas são revertidas em assimilações e construções de um imaginário social favorável a violência e conivente com a discriminação”.

“Já era inadmissível e revoltante o silêncio do Poder Público, diante de tantos casos de violência contra a população LGBT. Agora temos que conviver com funcionários públicos prendendo lésbicas, simplesmente por se beijarem em público. Tememos remontar os tempos do autoritarismo militar, que perseguia as liberdades e encarcerava as diferenças”.

“A situação de violência à população LGBT têm tomado proporções cada vez maiores e assustadoras em nosso país e o que continuamos a ver é uma completa omissão estatal e governamental, frente as respostas necessárias para superação do nosso grave caso de violência homofóbica”.

Qual a legitimidade de ordenar a prisão?

A ABGLT questiona também, na carta, a autorização e legitimidade do parlamentar de ordenar tal prisão, bem como os limites de um Parlamentar que fere direito já adquirido e desrespeita a dignidade humana de cidadãs em locais públicos.

Entenda o caso

Durante um culto evangélico ministrado por Marco Feliciano duas estudantes se beijarem no evento o que causou a ira do parlamentar. “Essas duas precisam sair daqui algemadas”, disse Feliciano que foi aplaudido pelos evangélicos que estavam no local.

As jovens Joana Palhares e Yunk Mihura foram presas
e agredidas a mando de Feliciano
O deputado, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, pediu que os policiais prendessem o casal, que foi detido e levado algemando para o 1º Distrito Policial de São Sebastião, no litoral de São Paulo.

Joana Palhares, de 18 anos, afirma que foi agredida pelos policiais após pedido de prisão do parlamentar. “Eles (guardas) me jogaram na grade e depois nos levaram para debaixo do palco, onde fui agredida por três guardas. E ainda levei dois tapas na cara”, afirmou.

A outra jovem, Yunka Mihura, de 20 anos, questionou o porquê da mesma atitude não ter sido tomada com outros casais heterossexuais que se beijavam durante o evento.

Depois que elas foram levadas pela polícia, o deputado comparou as estudantes a um “cachorrinho”. “Ignorem, ignorem. Cachorrinho que está latindo é assim, você ignorou, ele para de latir”, disse aos fiéis.

Na delegacia, Joana passou por exame de corpo delito. Ela tinha hematomas nos braços e pernas. O advogado das estudantes, Daniel Galani, disse que vai formalizar denúncia contra Feliciano. “Foi uma afronta gravíssima aos direitos humanos e ao direito à livre expressão.” As estudantes fizeram boletim de ocorrência contra os guardas.


Nenhum comentário: